domingo, 24 de novembro de 2013

Prescrição Farmacêutica

Farmacêutico poderá prescrever remédios vendidos sem receita
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CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

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Uma nova resolução do CFF  (Conselho Federal de Farmácia) autoriza os farmacêuticos a prescreverem remédios que não exijam prescrição médica, como   analgésicos e antitérmicos.
A medida será publicada na próxima quarta no "Diário Oficial
da União" e tem 180 dias para ser implantada.

Com a norma, eles poderão tratar o que chamam de "transtornos menores", como uma dor de  cabeça  ou  diarreia. O  cliente  que chegar  ao   balcão da farmácia   para   comprar  um analgésico poderá passar por uma "consulta" e receber um receituário com a assinatura e o carimbo do farmacêutico.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
A prescrição, no entanto, não será obrigatória.
Outra ideia, mas  que ainda   depende   de   acordos  para vigorar, é que os farmacêuticos possam renovar receitas médicas em casos de algumas doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.
O paciente passaria pelo médico, receberia o diagnóstico e a primeira receita. A partir daí, o farmacêutico poderia orientar e   assumir os   cuidados do doente   (medir a glicemia ou a pressão arterial) e, se tudo estiver bem, repetir a receita do médico.
A medida é polêmica e deve provocar reação das entidades médicas. "A lei do Ato Médico abriu brecha para qualquer um prescrever medicamentos. É bem complicado", reagiu Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo).
A lei, aprovada em junho, deixou de prever como exclusivo do médico o ato de prescrever tratamentos após os vetos feitos pela presidente Dilma Rousseff.
Para Azevedo, o diagnóstico de "qualquer doença" e os respectivos tratamentos são atribuições exclusivas do médico. "Uma simples aspirina pode matar. Pode causar reação alérgica, sangramentos. De quem será a responsabilidade legal por esse doente?"
Do farmacêutico, garante o presidente do CFF, Walter Jorge João. "Estamos tendo essa coragem de dar mais   responsabilidade ao    farmacêutico. Ele     não é profissional só do medicamento, ele também tem que cuidar do paciente."
Segundo ele, tendo um papel mais ativo, o farmacêutico poderá reverter a cultura da automedicação do brasileiro. "O Brasil é o quinto país que mais se automedica no mundo. E isso resulta em muitos casos de intoxicação por medicamentos."

REPETIR RECEITA
Sergio Mena Barreto, presidente-executivo da Abrafarma (Associação Brasileira de Rede de Farmácias e Drogarias), discorda do argumento. "Isso é bobagem. Só 3% das intoxicações são por automedicação. Prescrever receita para medicamentos isento de prescrição é um paradoxo. São drogas seguras, de baixíssimo risco", diz.
Para ele, os farmacêuticos deveriam concentrar esforços para poder renovar o receituário médico, função que já desempenham nos EUA.
"Lá eles podem, inclusive, mudar a dosagem de um remédio prescrito pelo médico. O farmacêutico brasileiro precisa ser mais bem visto. Ele é muito desvalorizado, especialmente pelos médicos."
Em nota, o CFM (Conselho Federal de Medicina) informa que "aguardará a publicação da norma e tomará a providências cabíveis".

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